As duas torcidas brasileiras

06/12/2010

Terminado mais um campeonato brasileiro e, consequentemente, o ano calendário do futebol brasileiro, o qual Fluminense conquistou seu segundo título por méritos, principalmente, do competente treinador e de um excelente jogador: o argentino Conca.

Depois de 37 rodadas, apenas três equipes tinham condições de levantar a taça, e os tricolores do Rio de Janeiro, na frente, não deram margens ao azar, deixando Cruzeiro e Corinthians ficarem com o vice e terceiro lugar, respectivamente. As outras ficaram pra trás, muito pra trás.

Mas o motivo principal para eu tecer algumas linhas não é a glória fluminense, mas sim a alegria da imensa maioria no Brasil. Hoje amanheceram com sorrisos abertos mais de uma centena de milhões de pessoas motivadas principalmente não pela conquista, mas sim pelo insucesso do Sport Club Corinthians Paulista.

Fogos nas ruas, notícias destacadas em jornais, e chuva de mensagens em redes de relacionamento reforçaram, mais uma vez, uma tese que já defendi em conversas de botequim: O Brasil só tem duas torcidas, e ambas são reflexos do que o Corinthians faz ou deixa de fazer: Corinthianos e Anti-Corinthianos.

Já ouvi, e não foram poucas vezes, que a maior alegria de muitos no futebol é ver o fracasso Corinthiano. Tais pessoas dizem ser sãopaulinas, palmeirenses, colorados, gremistas, cruzeirenses, flamenguistas, vascaínos, santistas, atleticanos, etc., mas no fundo, no fundo, para tantos, salvo algumas exceções, tais clubes são secundários porque o que eles gostam mesmo é de ver a derrocada do Corinthians.

Foi assim no rebaixamento em 2007, foi assim nas várias tentativas dos paulistas na Libertadores e, ontem, novas festas e alegrias emanaram com o troféu erguido pelos jogadores do Fluminense.

É uma maneira triste e depressiva de expor sentimentos, quando se torce pelo fracasso do rival. Prova-se isso, ainda mais, com os incoerentes anti-corinthianos que zombam contundentemente o atacante Ronaldo, esquecendo-se que tal jogador foi determinante para todos comemorarem Copa do Mundo, proporcionando felicidade para vocês, brasileiros anti e pró Corinthians.

É ridícula a falta de respeito à um dos maiores jogadores da história do Brasil e do mundo. E isso acontece só porque ele joga no Corinthians. “Eu tenho raiva do Corinthians”, “eu odeio o Cúrintia”, são frases automáticas e corriqueiras faladas em todo o país, que extrapolam os limites de uma saudável consciência esportiva, do reconhecimento da superioridade e/ou inferioridade de rivais em uma competição.

As brincadeiras com derrotas são normais com todos, mas é impressionante, quando envolvem o Corinthians, o transparecimento de ódio, rancor e aversão ao clube alvinegro. À estes tristes indivíduos que buscam felicidade a partir do fracasso do oponente, juro tentar compreendê-los, mas é difícil.

Só o Corinthians, de fato, vai além do significado de ‘torcer’. São seguidores apaixonados que empurram com vozes, suor, sangue, coração e pulmão durante toda vida. Só o Corinthians tem fiéis, numa fidelidade clara ao clube, à história de lutas, mesmo sabendo que pertence à uma minoria, afinal são só trinta milhões contra 160 milhões pertencentes à outra torcida.

Aos rivais sempre insatisfeitos pelo espaço reservado ao Corinthians na mídia, entendam que a conta não está errada, afinal, o espaço Anti-Corinthians sempre foi maior porque precisa subdividí-lo em pequenas cotas temporais para divulgar alguma informação dos outros clubes.

Corinthians é sempre o mais comentado, quer vocês tenham mais títulos ou não. Recorda-se, também, que um dia após um título do São Paulo, o assunto mais falado não era tal título, mas sim a contratação de um jogador pelo Corinthians, no caso, o atacante Ronaldo.

Num singelo paralelo, anti-Corinthiano tem a mesma felicidade de, quando você está com uma mulher bonita, você se sente bem porque a mulher do seu amigo é feia. Oras, seja feliz pelo que você é ou faz, não por motivos externos.

Quer rivalizar, disputar, que seja para demonstrar sua superioridade, afinal, “o bom competidor deseja sempre que o seu oponente esteja na melhor forma”, assim sua vitória será mais doce pois sua força será determinante à glória, e não o insucesso do rival.

À maioria, os anti-Corinthians, peço um favor: contabilize as horas da vida de vocês as quais vocês pensam no Corinthians. Eu faço uma aposta que será, no mínimo, 5 vezes maior o tempo que os Corinthianos gastam para comentar seus clubes, afinal, não damos mais atenção do que realmente merecem.

Há uma diferença abismal entre dizer ‘eu te amo’ e ‘eu não te odeio’. Ontem, mais uma vez, isso ficou claro. Se sua felicidade é condicionada no momento que se diz “centenada” e “chupa gambá”, está provado que falta amor à sua vida.

Corinthians, amo-te!

Marcio Vieira